Empreendedora de Joinville cria “Tinder” do emprego para pessoas com deficiência
Startup desenvolveu metodologia que conecta empregadores e pessoas com base em habilidades e características
Startup desenvolveu metodologia que conecta empregadores e pessoas com base em habilidades e características
Uma empreendedora de Joinville criou um “Tinder” do emprego para pessoas com deficiência (PcD). Letticia Francisco é fundadora da Semearhis, uma startup que promove a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
A ideia surgiu de uma análise da lacuna existente entre o mercado empregador e a comunidade PcD, uma realidade que Letticia sentiu de perto ao longo da própria trajetória. Nesse contexto, ela decidiu buscar soluções para aproximar esses dois universos.
Letticia conta que a história dela com a inclusão começou sutilmente, sem uma vivência direta com a deficiência. “Não tenho pessoa com deficiência na minha família. No máximo, meu avô, que teve cegueira”, relata. Letticia relembra que sempre auxiliava o avô da forma correta e descrevia as coisas para ele.
No entanto, foi por meio do contato com um colega surdo ainda na escola que ela começou a despertar para a importância da inclusão. A virada aconteceu durante a segunda graduação, quando o trabalho de conclusão foi sobre o recrutamento de PcDs.
Embora ela acredite que naquele momento não tinha a maturidade necessária, a causa da inclusão nunca mais saiu do caminho da empreendedora. “A inclusão sempre fez parte da minha história. Foi em janeiro de 2020 que a Semearhis realmente nasceu”, revela Letticia.
Antes de se tornar o “Tinder” da empregabilidade, a startup focava, em um contexto de pandemia, em auxiliar empresas a adaptar eventos online para pessoas com deficiência.
Após ganhar notoriedade no ramo de recursos humanos, a startup partiu para a elaboração da metodologia. Por exemplo, o conceito de um “Tinder” para o mercado de trabalho de PcDs é o carro-chefe da startup de Joinville. Letticia estudou a dinâmica do famoso aplicativo de relacionamentos e, com base nisso, aplicou o conceito de “match” na seleção de candidatos e empresas.
“A gente não quer colocar as pessoas com deficiência em qualquer lugar; queremos que elas estejam no local adequado para o seu perfil”, explica. O método 360 graus Match é um sistema que conecta candidatos e empregadores de maneira eficiente, considerando o histórico, as habilidades e as necessidades de ambos.
“Precisamos que tanto a empresa quanto a pessoa respondam exatamente o que estão buscando, e a plataforma faz a conexão com base nessas respostas”, completa.
Letticia pontua que, ao observar as pessoas que utilizam o serviço da Semearhis, uma das maiores dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência é a falta de reconhecimento profissional. Portanto, ela acredita que iniciativas como a startup de Joinville podem ajudar a transformar esse cenário.
“Muitas vezes, essas pessoas possuem a formação necessária, mas não são valorizadas ou colocadas no cargo correspondente ao seu nível de estudo”, afirma. A plataforma da Semearhis busca corrigir esse problema oferecendo um acompanhamento completo durante todo o processo seletivo.
“As empresas precisam passar por uma mudança cultural e investir em capacitação contínua, o que é um dos focos da Semearhis”, destaca. Ela entende que as empresas também precisam buscar nas pessoas com deficiência um talento do qual necessitam, e não apenas uma pessoa para cumprir cota.
Com mais de 243 “matches” realizados e mais de 4,7 mil pessoas com deficiência cadastradas na plataforma, a Semearhis busca gerar impactos significativos na inclusão profissional de PcDs. Além disso, o objetivo é construir um mercado mais acessível e diverso.
“Nosso objetivo é promover dignidade às pessoas com deficiência e, ao mesmo tempo, transformar a cultura organizacional das empresas”, afirma Letticia.
A plataforma não pretende se expandir para outros públicos por enquanto. “A gente tem que focar naquilo em que somos bons. Nosso foco é a comunidade de PcDs, pois acreditamos que é onde podemos fazer a maior diferença”, diz. “Quanto mais pessoas e mais empresas, melhores serão os ‘matches’”, completa.
No entanto, Letticia enfatiza a importância da capacitação contínua. “Nada adianta ter uma plataforma se as organizações não estão preparadas humanisticamente. O trabalho de orientação e capacitação é essencial”, conclui.
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